São Miguel do Tapuio (PI) – A grave situação das queimadas no Piauí ganha novos contornos com os dados atualizados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), que apontam 1.238 focos de incêndio registrados no estado apenas entre janeiro e julho deste ano. Um boletim da pasta mostra que o Piauí já chegou a registrar três focos de fogo em apenas uma hora, revelando um cenário alarmante.
De acordo com o mapa mais recente da Semarh, que monitora os focos de calor e de fogo por município, São Miguel do Tapuio está entre as 40 cidades afetadas por queimadas nesta semana, reforçando o estado de alerta que se intensifica especialmente nos meses de julho a setembro.
Segundo Shandallyê Araújo, coordenador de Instrução, Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Semarh, os biomas mais atingidos pelas chamas são a Caatinga e o Cerrado. Ele destaca que a "seca verde", fenômeno atípico caracterizado pela vegetação aparentemente verde, mas seca internamente, tem favorecido a propagação rápida do fogo.
O boletim mais recente da Semarh indica que 134 municípios piauienses estão em alerta para incêndios, com destaque para regiões como Jerumenha, Picos e São Raimundo Nonato, além de áreas do centro-norte e sul do estado, que reúnem características críticas de clima e vegetação. A região de São Miguel do Tapuio, situada no bioma da Caatinga, aparece entre as áreas mais expostas.
A climatologista Sara Cardoso reforça a gravidade do momento: “Somente nesta quinta-feira, 34 focos de incêndio estão sendo monitorados no estado.” Segundo ela, os dados utilizados vêm do cruzamento de informações de três grandes bases nacionais: o Brasil Mais, o Painel do Fogo e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Ela ainda esclarece que o número elevado de 43 mil focos de calor não representa apenas queimadas, pois pode incluir até o calor de motores de veículos. O número mais próximo da realidade das queimadas, segundo o cruzamento da Semarh, gira em torno de 1.200 focos confirmados.
Sara também reforça a importância da prevenção neste período:
“Com os territórios aquecidos e a umidade extremamente baixa, é essencial evitar queimadas de lixo, restos de podas e outros resíduos sólidos, que podem gerar incêndios descontrolados.”
Atualmente, o estado conta com 94 municípios com brigadas de incêndio estruturadas, e a atuação tem sido fundamental, como ocorreu nesta semana em São Miguel do Tapuio, onde brigadistas atuam para conter um incêndio nas imediações do Lixão Municipal, no Bairro Santa Rita.
Principais recomendações da Semarh para evitar queimadas:
Não utilizar fogo para limpeza de terrenos;
Evitar queimar lixo doméstico e restos vegetais;
Denunciar focos de incêndio às autoridades locais;
Redobrar atenção em dias com muito calor e vento forte.
A população é peça-chave na prevenção das queimadas. O período mais crítico do ano está apenas começando, e a consciência coletiva pode evitar danos maiores ao meio ambiente, à saúde pública e ao patrimônio.