Assunção do Piauí – O crescente número de acidentes de trânsito envolvendo jovens e adolescentes tem acendido um alerta em Assunção do Piauí. Em uma carta aberta publicada nas redes sociais, o médico Dr. Artur Andrade, que atua no município há alguns meses, fez um forte apelo à população para que reflita sobre o comportamento no trânsito e sobre a banalização das tragédias.
O médico relatou sua preocupação com o número de vidas ceifadas de forma precoce, destacando que a maioria das vítimas são adolescentes e jovens adultos. “Cada perda nos abala de forma intensa. A dor que vemos nas emergências, a angústia das famílias e dos pacientes que não conseguimos salvar têm deixado marcas profundas”, escreveu ele.
Segundo o médico, o cenário se agrava ainda mais em cidades pequenas, onde todos se conhecem e a dor coletiva é inevitável. Ele destacou que a imprudência tem sido uma das principais causas dos acidentes e criticou a forma como muitos continuam agindo como se nada tivesse acontecido. “Mesmo com tantas mortes, estamos vendo comportamentos de risco se repetirem como se nada tivesse acontecido.”
Dados preocupantes no hospital de referência
O alerta do médico é respaldado por dados do Hospital Estadual José Furtado de Mendonça, em São Miguel do Tapuio, unidade de referência para Assunção do Piauí e região. Somente em 2025, a unidade já realizou 211 atendimentos de urgência e emergência relacionados a acidentes de trânsito, sendo 45 apenas no mês de junho. Os números evidenciam a gravidade da situação e a sobrecarga enfrentada pelos serviços de saúde da região.
Dr. Artur ainda chamou a atenção para o tempo de resposta nas emergências. Em muitos casos, o fator tempo — essencial para salvar vidas — acaba se tornando um dos maiores obstáculos. “A estrutura de saúde local tem feito o possível, mas muitas vezes o tempo se torna crucial — e ele falta. Isso tem custado vidas.”
“Não podemos esperar que seja alguém que amamos”
O médico relembrou um acidente recente envolvendo quatro jovens que, felizmente, não teve vítimas fatais. No entanto, usou o episódio para reforçar a urgência de agir preventivamente. “Não podemos mais esperar que a próxima vítima seja alguém que amamos para, só então, fazer algo a respeito.”
Em sua carta, Dr. Artur finaliza com um apelo à reflexão e à mudança de comportamento: “Que Deus abençoe as famílias de Assunção e que possamos refletir sobre esse tema tão delicado que tem gerado tanta angústia e tristeza.”
Análise
A fala do médico ecoa como um grito de socorro em meio a uma realidade alarmante. A soma da dor coletiva com dados concretos sobre a demanda hospitalar mostra que o problema é maior do que se imagina. Diante disso, a sociedade e o poder público precisam unir forças para promover ações de educação no trânsito, fiscalização mais rigorosa e investimentos urgentes na estrutura de saúde — antes que novas perdas irreparáveis aconteçam.