Por Marina Sérvio e Tiago Melo (Cidade Verde)
Um motorista de aplicativo, de 30 anos, foi preso por tentativa de feminicídio nesta sexta-feira (17). De acordo com a polícia, o suspeito é responsável por uma sessão de tortura, com espancamento, contra a então namorada uma comerciária de 46 anos. A violência aconteceu no último sábado (11) e teria começado dentro do carro, após uma discussão entre o casal e continuado dentro de um quarto de motel no bairro Macaúba, onde a violência durou cerca de 6 horas.
“Ela saiu desfigurada. Ele, o autor, agiu com extrema violência através de socos e cotoveladas, principalmente no rosto da vítima. Então, até para nós da polícia, foi uma imagem bastante chocante. Ela já está fora de perigo, mas foi uma pessoa que foi submetida a praticamente a situação de tortura” descreve a delegada Nathália Figueiredo, titular do Núcleo de Feminicídio do DHPP.
A vítima teve uma fratura no maxilar e traumatismo craniano.
Após as seis horas de agressão, o autor ainda recorreu a familiares da vítima para resgatarem o casal no motel, por não ter dinheiro para pagar o estabelecimento. Ao deixar o local, o motorista de aplicativo levou a comerciária para receber atendimento médico após pedido da família.
De acordo com a delegada responsável pela investigação foi possível reunir diversos vestígios da agressão.
“Temos vestígios no automóvel da vítima que já foi submetido à perícia. No motel também, segundo até mesmo testemunhas que afirmam que tinha muito sangue na cama, a questão do lençol. Onde ele teria continuado a prática de violência” reitera Nathalia Figueirado.
O suspeito já tem passagem pela polícia por violência doméstica contra outra mulher, em um registro de ameaça que teria acontecido ano passado. Além disso, ele também foi alvo de boletins de ocorrência de roubo e estelionato.
Não foi preso em flagrante
Em entrevista à TV Cidade Verde, a delegada Nathália Figueiredo, titular do Núcleo de Feminicídio do DHPP, alertou para a responsabilidade dos estabelecimentos de intervir em caso de violência. No caso, a vítima chegou a gritar enquanto era agredida e mesmo assim não houve interferência ao longo das seis horas de agressões.
“Qualquer estabelecimento comercial quando tiver uma situação de violência deve fazer a denúncia e esse caso foi bem específico nesse sentido, porque a vítima gritava, então foi algo que chamou atenção tanto dos funcionários como de clientes. Então ao menor sinal tem que acionar a Polícia Militar. Esse sujeito era pra ter sido preso em flagrante lá mesmo. Então esse tipo de omissão não deve ser tolerado. Toda violência ela deve ser denunciada” reafirma a delegada.
No hospital, ao chegar com a vítima, os profissionais de saúde e familiares da comerciária acionaram a Polícia Militar, mas mais uma vez o autor, que acompanhava o atendimento, não foi preso.
“Uma equipe da PM chegou ao hospital, o suspeito ainda estava lá. Mas eles não conduziram o homem para Central porque a vítima não estava em condição de ser ouvido, então eles não iriam porque não tinham certeza. O que não pode acontecer. Na segunda-feira, a família me procurou aqui na delegacia e a gente fez o registro de ocorrência” descreve Nathália Figueiredo.